Mãe de dois filhos autistas relata desafios: ‘Meu propósito de vida’
O maior desafio para mães de crianças e adolescentes que tem o espectro autista é a inclusão social. É isto que o Dia Mundial de Conscientização do Autismo se propõe a fazer. De acordo com o Ministério da Saúde, a data tem por objetivo difundir informações sobre o autismo e reduzir a discriminação e o preconceito que cercam as pessoas afetadas por este espectro.
“Amo meus filhos do jeito que eles são”. Isso é o que diz Ana Paula Chacur, de 38 anos, mãe de Helena Chacur, 10 anos, e Antônio Chacur, 7 anos, ambos diagnosticados com autismo ainda pequenos. Desde então, Ana luta pela inclusão social e suporte necessário aos autistas na cidade de Santos, no litoral de São Paulo. Para ela, o dia 2 de abril não deve só trazer comemoração, mas também lembrar que ainda há muita luta pela frente.
Ela relata que Helena foi diagnosticada com autismo severo antes dos três anos de idade. De acordo com a mãe, a criança tem uma má formação no cerebelo, o que trouxe dificuldades na questão motora e cognitiva. A filha não tem uma fala funcional, mas utiliza gestos e expressões.
Já Antônio tem tem o espectro autista leve. Diagnosticado antes dos dois anos de idade, ele teve estimulação muito cedo e conseguiu acompanhar a escola naturalmente. “O diagnóstico da Helena não teve luto e nem negação. A minha preocupação foi saber o que ela tinha e como podia ajudar. Eu tinha recursos financeiros e pude investir no tratamento. Meu grande desespero foi o diagnóstico do Antônio e saber como custear o tratamento”, diz.
Divorciada, ela precisou lidar com todos os desafios sozinha. Apesar disso, os filhos são parte muito importantes em sua vida. Ela já atuou na Prefeitura e Câmara de Santos, conseguindo avanços significativos para a causa. Recentemente, junto com a fundadora do Grupo Acolhe Autismo e com o apoio da Prefeitura, ela conseguiu trazer uma Clínica Escola para atendimento específico de autistas na cidade.
Ana afirma que o maior desafio ainda é a questão da inclusão social, pedagógica e terapêutica. Ela relata que começou a dar palestras dividindo sua experiência com a psicomotricidade – uma ciência que entende o ser humano através dos estímulos motores, cognitivos e funcionais – na estimulação do seus filhos, e visitar escolas e promover palestras sobre a importância do engajamento na causa autista. “Eu aceitei a deficiência dos meus filhos como meu maior desafio e propósito de vida”, finaliza.
Fonte: G1