Ana Paula Chacur tem duas lutas paralelas. Primeiramente, preparar seus filhos Tom e Helena (ambos autistas) para o mundo e, em seguida, assegurar que a sociedade também estará preparada para recebê-los. Desde que recebeu o primeira diagnóstico (da filha), Ana Paula é uma ativista do autismo.

“Na época, a lei Berenice Piana ainda estava sendo tramitada. Então eu tive que ir para a sala de aula com ela, pois não tinha professor mediador. Me deparei com uma situação lastimável – tanto para os alunos que precisavam de atenção especial, quanto para os tidos como típicos”, lembra.

Quando se mudou do Rio de Janeiro para Santos, ela conheceu Ana Lúcia (mãe de Caco) que também lutava pelo direitos dos autistas aqui em Santos com o grupo Acolhe Autismo. Logo em seguida, começou um trabalho na Secretaria da Educação e depois, na Câmara Municipal. Em ambos os lugares, sua pauta sempre abordou a necessidade de políticas públicas voltadas para o autismo.

Com o fim do contrato, a mãe de dois autistas deu início a uma nova jornada. Atualmente, ela organiza cursos com profissionais especializados em autismo. As aulas acontecem em maioria em Santos, mas já houve cursos no interior de São Paulo.

 “O objetivo é educar. Sejam mães e pais que receberam o diagnóstico e estão perdidos, professores, cuidadores. Enfim, a ideia é falar sobre o autismo aqui em Santos. Pois ir buscar esse conhecimento em SP ou no RJ custa caro, tem o ingresso, transporte, alimentação e outros gastos. Minha ideia é dar acesso a esse conhecimento aqui”, explica.

Clínica escola para autistas em Santos

Ao lado de Ana Lúcia e outras mães da cidade, ela encabeçou a luta pela construção da Clínica Escola para Autistas em Santos. A ideia foi apresentada há cerca de quatro anos e, de acordo com a Prefeitura, a estimativa é que a inauguração aconteça nos próximos meses.

Inclusive, a escola recebeu a renda do Baile da Cidade de 2018.

A clínica ficará no Marapé, em parte do imóvel da antiga escola estadual Braz Cubas. Atenderá autistas e pacientes com deficiência intelectual. No total, a estrutura terá:

  • 12 salas de atendimento
  • 2 salas de integração social
  • 1 sala de intervenção precoce

Além disso, também estão confirmados dois espaços diferenciados. São eles a sala de estimulação sensorial e a sala de atividades diárias – também chamada de casa autônoma modelo (com banheiro, cozinha, sala e quarto). Para completar, o projeto ainda oferece salas de reunião, administrativas e sanitários. O equipamento funcionará com profissionais capacitados na área de educação física, fonoaudiologia, fisioterapia, psicopedagogia, terapia ocupacional e de educação especializada.

“Esse foi um passo muito importante para nós. Pois muitas das necessidades que pessoas autistas têm não eram atendidas até então. Um exemplo é tratamento odontológico: tínhamos a possibilidade de  imobilizar o paciente, mas não de seda-lo e às vezes é necessário. Com a clínica questões como essa serão resolvidas”.

Essa será a primeira Clínica Escola de Autismo do estado de São Paulo. O primeiro passo de um longo caminho. Em seguida, o objetivo é conquistar uma residência assistida.

“Um dia, eu vou morrer e a minha filha vai precisar de um lugar para ficar. O Tom tem mais autonomia, mas ela precisa de alguém que cuide”.

Outra conquista recente dos autistas em Santos foi a carteira de identificação da pessoa com TEA.

O objetivo é promover reconhecimento oficial e, consecutivamente, facilitar a identificação e o exercício dos direitos de pessoas com deficiência. Já que o autismo não tem características físicas e isso pode causar questionamento de pessoas desinformadas. Os interessados em solicitar suas carteiras de identificação devem se dirigir ao Poupatempo. A expedição é gratuita

Fonte: Juicy Santos

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